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do pipo ó copo

Ponte de Prado

do pipo ó copo

Ponte de Prado

TOLINHA

Juntavam-se de manhã, no banco de pedra ao fundo da rua, encimado pela figueira da D. Joaquina, cujas raízes eram molhadas pelo pequeno riacho que atravessava o lugar puxando ramos e folhas viçosas, cobrindo de sombra os paralelos do chão…

- Olhai, lá vem a tola – disse a D. Amélia, apontando com os olhos e um movimento da cabeça…

- Quem – perguntaram as outras duas ao mesmo tempo?

- A “Nela” do outeiro…

- É verdade; meteu o homem na cadeia – anuiu a Joaquina.

- O… Como se chamava o coiso, está preso – perguntou a D. Mariazinha?

- Era “Manel”… espetou com ele na cadeia. Andava a rondar a casa, como um cão, e ela chamou a guarda e lá foi.

- A Mariazinha não sabia?... Parece que ele lhe dava umas bofetadas, quando estava com os copos, e o tribunal condenou-o por aquilo que agora chamam de violência doméstica. Não se podia aproximar dela menos que uns passos…

- No caso dele deviam contar era bicicletas – disse a Mariazinha rindo-se, mas tendo o cuidado de pôr a mão em frente à boca, para segurar a dentadura, que já tinha partido duas este ano, na mesma situação – ele andava sempre montado numa…

 Calaram-se um pouco enquanto a “Nela” passava…

- Bom dia, minhas senhoras…

- Bom dia, rapariga – responderam as velhotas…

Quando ela se afastou, retomaram a conversa…

- Se calhar até eram merecidas, as lapadas, que dizem que ela não se cala nem com uma espingarda apontada.

- É mesmo isso. Arranjou foi umas testemunhas, sabe-se lá como, um advogado da caixa a dizer que era muito pobrezinha e o “morcom” não quis saber, nem se defendeu nem nada, e ela livrou-se dele. E agora anda por aí toda fresca. E ele lá está a ver televisão às nossas custas…

- Coitada é da canalha. Filhos de um condenado.