Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

do pipo ó copo

Ponte de Prado

do pipo ó copo

Ponte de Prado

BUFE...

O Lopes abriu a porta do gabinete e apontou o dedo ao Antunes, que recostado na cadeira, ria-se sozinho…

- Oh pá, eu estou ali de dentro a mirar-te… Estás muito contente… Ainda não a curaste?

Antunes levantou-se de um salto, proferindo em voz alta “Está porventura a insinuar…”, calando-se de seguida com o estrondo da cadeira que caiu no chão. Agarrou-se então à mesa e continuou: “ Estará a insinuar que estou bêbado?...”

- O bafo chega aqui. Vê lá se te aprumas e começas a trabalhar certinho ou vais pra casa.

- Ai que carago… Pensa que me insulta e fica assim. Vá-mos já ver isso e vai engolir as palavras, ai vai vai!...

Pegou no casaco e saiu porta fora. Enquanto se ouvia o carro a arrancar com grande ruido, Lopes encolheu os ombros e voltou para o gabinete…

-- /\ --

“Que se passa aqui…” inquiriu o Sargento Meireles, depois de ouvir a conversa alterada no posto de atendimento.

- Este cavalheiro quer que eu lhe meça o álcool, e eu já lhe disse que não é possível - respondeu o soldado Veiga.

- Claro que não – insistiu o Sargento – o aparelho está na viatura e só é usado em caso de acidente de viação, ou operação stop…

- Mas eu preciso de ter uma prova que não estou bêbado, para esfregar no nariz ao meu patrão que me acusou esta manhã…

- Não sei… Só se… Tá bem… Veiga chame aqui o carro patrulha… Você vai ali pra beira da rotunda e pare ali que o carro vai ter consigo.

Saiu da esquadra e estacionou o carro em cima do passeio, junto à rotunda, com os quatro piscas ligados, deixando-se ficar sentado, cabeça encostada ao volante, parecendo dormir, até chegarem o Sargento Meireles e o Guarda Veiga, que bateram no vidro. Antunes pareceu acordar e saiu do carro de um salto.

- Dê-me o balão que eu bufo, para ir mostrar ao cabrão do meu patrão. Vou-lhe esfregar o papel na cara…

Depois de lhe ser explicado o procedimento, Antunes encheu os pulmões de ar e soprou…

-- /\ --

- Sabe Sr. Dr. Juiz, foram os GNRs, que me puseram nesta situação ao ensaiarem uma operação stop; foi um caso ensaiado; uma armadilha… – pedia encarecidamente o Antunes, com as mãos juntas, sobre o peito.

- Cale-se com isso homem… - disse em tom ríspido o Juiz do tribunal da Beira - Tinha ou não tinha 1.82 gramas por litro?…

COMPASSO

- Tu ouviste? – Perguntou a Helena, enquanto apontava com a cabeça…

- Não. O que foi?... - Interrogou a Margarida, olhando para onde Helena apontava…

A Helena fez um sinal de silêncio e foi espreitar ao corredor, voltando apressada.

- Não ouviste a Sandra a falar com a mulher da limpeza?

- Não…

- Que não abria a porta na páscoa, porque quem lá vinha só queria saber de como ela tinha a casa e depois andavam com comentários lá pela freguesia…

- Ui, deve ter cá um palacete…

- E não é tudo. Olha o que ela disse: que era uma porcaria, todos a beijar no mesmo sítio…

- Mas eles desinfetam…

- Que foi à casa da sogra, e pôs-se na sala como os outros e quando chegou a vez dela não beijou e mandou a cruz passar à frente, só pra se armar…

- Que gentinha… Se não queria não aparecia.

- É mesmo. Armanço. Anda aqui uma pessoa a cumprir com as coisas, e esta gente que não quer saber de nada, vai-se a ver vivem tão bem como nós…

- E nem são castigadas nem nada…

- Com filhos pequenos e tudo e não têm medo destas coisas.