A bailarina exibia-se no palco, ondulando o corpo, interpretava a dança do ventre. Aparentava uns trinta anos de idade, corpo bem feito.
Entre a assistência, três idosos, tirando as roupas, as barbas e o facto e não terem copos na mão, iguaizinhos aos do vinho do porto, olhavam o número…
- Já é um bocado velha, mas ainda está boa - disse um deles.
Vi agora, um programa em que uns tipos achavam impossível e inacreditável, que povos antigos tivessem feito o que fizeram, mas já achavam perfeitamente plausível e normal, que tivessem sido "aliens" astronautas a faze-lo.
Acordei com a pergunta e a mão dele a bater-me na cara. Instintivamente olhei para o relógio, estremunhado. 8 horas…
- Não filho, hoje é sábado.
- Então vamos brincar. Tu fazes de cristo e eu prego-te na cruz.
Desde que assistiu à via-sacra, na páscoa, a representação marcou-o, especialmente o pregar cristo na cruz, e sempre que pode, ou faz de cristo ou crucifica alguém.
Esticou-me a mão e começou a bater com a sua mão fechada na palma da minha.
- Mais devagar filhinho. Assim magoas o pai…
- Os pregos são muito grandes pai, tenho que fazer força.
Fiquei esticado na cama, e entrando na brincadeira pedi água, com voz tremeliquenta.
Dirigiu-se ao interruptor da luz e fez “tchhhhhhhhhhhhhh”.