Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

do pipo ó copo

Ponte de Prado

do pipo ó copo

Ponte de Prado

:) LV IU :)

 

Procuraram um cantinho, o mais escondido possível, no shopping, por trás da escada rolante, onde se abraçaram e beijaram, sossegando os instintos dos seus, talvez quinze anos. Momentos abreviados pelo ronronar dos telemóveis…
Ficaram então, caras encostadas, teclando os aparelhos, em suponho, alegres sms.

ATCHIM!

 

- Boa tarde…
- Boa tarde…
- Eu estou a ligar para saber o resultado de uma análise de gripe A, feita ao meu filho na terça-feira…
- Aqui no hospital?
- Sim. Na terça-feira fui às urgências e fizeram a análise e hoje já sabia o resultado…
- Não sei. Não desligue, vou ligar à UCI…
(música)
 - Eu estou a ligar para saber o resultado de uma análise de gripe A, feita ao meu filho na terça-feira…
- Sim… mas não é aqui, nós aqui só fazemos os internamentos. Talvez no laboratório. Não desligue, vou passar.
(música)
- Sim laboratório…
- Eu estou a ligar para saber o resultado de uma análise de gripe A, feita ao meu filho na terça-feira…
- E mandaram-na para aqui?
- Passaram o telefonema para aí…
- Mas nós aqui não fazemos as análises à gripe…
- Mas disseram-me que hoje sabiam os resultados e como pode compreender estou um pouco ansiosa.
- Compreendo, mas aqui não sabemos de nada. Vou passar para a UCI…
(música)
- Eu estou a ligar para saber o resultado de uma análise de gripe A, feita ao meu filho na terça-feira…
- Nós aqui não temos acesso às análises. Talvez no laboratório lhe saibam dizer…
- Mas você já me passou para o laboratório, e de lá passaram para aqui outra vez…
- Então não sei. Onde fez a análise?
- Na urgência, na terça-feira.
- Então talvez lá lhe saibam dizer, vou passar
(música)
- Sim? Urgência.
- Eu estou a ligar para saber o resultado de uma análise de gripe A, feita ao meu filho na terça-feira…
- Aqui na urgência não temos acesso a análises. Isso é com o laboratório…
- Mas eu já falei com o laboratório e ninguém sabia de nada…
- É sempre a mesma coisa, ninguém sabe de nada. Mas aqui também não sei. Só se lhe passar para a UCI…
(música)
- Sim? UCI…
- Sou eu novamente. Na urgência ninguém sabia.
- Só se lhe der o número do laboratório do Porto que faz as análises. Pode ser que eles lhe digam alguma coisa.
- Mas a mim disseram-me para ligar hoje para aí que já teriam o resultado da análise. O meu filho está a tomar Tamiflu por precaução e eu quero saber se continuo ou paro com o medicamento. 
- Pois, só um momento…
( - Tenho aqui uma pessoa ao telefone por causa de uma análise da gripe. O que é que lhe digo?
- Sei lá! Diz-lhe que depois mandamos uma carta com os resultados.)
(musica)
- Sabe nós depois manda-mos uma carta com os resultados.
- Mas como uma carta. Se já passou tanto tempo, quando a carta chegar já passaram os sete dias de quarentena.
- Pois, mas não lhe posso dizer mais nada… Só se quiser ligar amanhã e fala com o chefe…
- Quando?
- Da parte da tarde. E depois ele já lhe diz como é que se faz…
- Está bem. Obrigado.
 

PERGUNTAR OFENDE?...

Será que um casal homossexual também precisará de ter um ano de relações sexuais desprotegidas, para entrar num programa de inseminação artificial, pago pelo estado?....

 

 

CONSULTAS

 

- Trouxe os medicamentos que a médica de família lhe receitou, D. Flores?
- Não. Esqueci-me completamente… mas eu moro aqui perto e posso ir a casa…
- É melhor, D. Flores… vá e depois continuamos a consulta. Já tenho a sua ficha completa…
Rosa Flores dirigiu-se a casa, apressada… O martírio já durava há tanto tempo; dois anos para ser mais precisa. Maldita alergia. Por causa dela tinha dado a sua cadelinha de estimação.
------//-------
A médica do posto diagnosticou-lhe alergia ao pelo de animais, quando ela se lhe dirigiu, faz dois anos, com os braços e o pescoço vermelhos e empolados, com riscos de arranhões e sangue de tanto ter coçado.
Ainda na última consulta se lhe tinha queixado, apesar de a médica nem para ela ter olhado, enquanto falava ao telefone, e lhe passou as receitas no computador.
- “Rais a parta”, praguejava Rosa Flores, no palavrão mais obsceno que a sua consciência lhe permitia. “Nem para mim olhou…”
A Doutora, sentada na secretária, a falar ao telefone, continuou com o auscultador poisado no ombro, marcando uma saída de sábado à noite com alguma colega, enquanto no computador procurava as últimas receitas e repetia a dose.
- Aqui tem D. Flores, tome estes medicamentos e marque consulta para daqui a seis meses…
- Mas Doutora, esta comichão não me larga, nem consigo dormir…
- Ponha a pomadinha que lhe receitei e nada de contacto com animais…
Passou um mês e nada de melhoras. Era pior com tempo quente. No inverno os sintomas ficavam mais leves. Mas este ano o calor prolonga-se.
 Juntou os cinquenta euros e foi à uma consulta de um dermatologista…
------//-------
- Aqui tem Doutor, os remédios que ando a tomar…
- Era o que pensava… Este medicamento aqui, que toma para a tensão arterial, conjugada com a exposição ao sol é que lhe provoca essa alergia. Basta pôr esta pomada que lhe vou receitar e adeus comichão…
- Ai que grande “Filha da Puta”, disse D. Rosa entre dentes…
- Disse alguma coisa D. Flores?
- Não Sr. Doutor, estava só a pensar alto…
E pela primeira vez em meses conseguiu dormir a noite toda