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do pipo ó copo

Ponte de Prado

do pipo ó copo

Ponte de Prado

GOSTAVA DE TER SIDO EU... A ESCREVER ISTO.

"Quando vier a primavera, se eu já estiver morto, as flores florirão da mesma maneira e as árvores não serão menos verdes que na primavera passada. A realidade não precisa de mim. Sinto uma alegria enorme ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma. Se soubesse que amanhã morria e a primavera era depois de amanhã, morreria contente, porque ela era depois de amanhã. Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?"

Alberto Caeiro

EI, MAREGA!...

- Marega... desculpa pá, esse telefonema é do presidente?... É?... Oh pá deixa-me dar-lhe uma palavrinha... anda lá... é rápido... Obrigadinha pá... Tou Sr. presidente?... sim... está tudo bem obrigado... sim... olhe eu queria perguntar-lhe se não tem uma palavrinha a dizer, pelo facto de numa semana terem morrido duas pessoas numa urgência de hospital sem assistência médica?...

 

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O Desportivo () alugou uma garagem, e montou um bingo. Uma noite, resolvemos ir ver; estas coisas eram resolvidas num repente quando, depois de jantar nos juntávamos no largo do lugar e não havia o que fazer e ainda era cedo para ir para a cama.

O meu primo Zé, cantava os números, e uma vez saído o sessenta e nove proclamou “o badalhoco”, e na sala soltaram-se risos, e olharam uns para os outros, fazendo gestos de acentuação com a cabeça compartilhando um segredo, que parecia só o alcance dos iniciáticos…

E nós, olhando uns para os outros rimos também...

No alto dos nossos treze anos, acho que todos supusemos que teria a ver com raparigas e não querendo dar parte de fraco e de possível desconhecimento, o que seria imperdoável, e motivo de troça, deixámos passar em claro e ninguém do grupo inquiriu o que seria ao certo…

 

O Carlos acompanhava o pai que era serralheiro, e um dia foram fazer um trabalho à fábrica do cartão, onde se reciclava papel, e nessa noite apareceu com um monte de revistas, escondidas atrás das costas. Estavam rasgadas no meio, mas dava para folhear. Sete revistas da Playboy, todas iguais, que ele tinha escondido; uma para cada…

E foi essa revista, que viveu escondida no meu quarto por muito tempo, que respondeu às questões que fervilhavam na minha mente, e me transportou, em cem páginas, para a idade adulta. E aí descobri, o que era o tal sessenta e nove…

 

Anos mais tarde, quando fui à inspeção militar, ao chegar ao portão do quartel era-nos dada uma placa com um número que tínhamos de prender á roupa. Fiquei com o número catorze…

O sessenta e nove calhou a um moço, magrinho, mirrado, que teria pouco mais de metro e meio, e que durante os dois dias, foi gozado e humilhado por quase todos os militares do quartel, e pela face que espelhava um misto de surpresa e imbecilidade, pareceu-me, sem saber o porquê…

FARO...

Todos os dias passo pela montra de uma loja em que se tosquiam e banham animais com "cafuné" e bolas de espuma, mais concretamente cães e gatos, e curiosamente o funcionário raramente é o mesmo.

Ou o emprego é espectacular e tem muitos funcionários para recrutar, ou então ali só os animais são bem tratados...

 

HIPERTENÇÃO

- Saí assim um bocado nervosa...

- Mas então porquê?...

- Ora, porque, o Dr. Couto só pedia umas análises, e receitava uns remédios. Esta médica nova, queria pedir exames para tudo. Quando me falou no exame aos intestinos, eu disse logo, que não fazia...

- Mas porquê?...

- Porque não quero saber. O "Senhor" protegeu-me até agora, e depois ouço dizer que depois do exame é que aparecem as doenças... E depois mediu-me a tensão várias vezes e eu nervosa, acusou alto, e começou a dizer que se calhar eu era hipertensa. Quando saí rasguei logo a receita...

 

 

EMBRULHA...

- Vai para onde, a carta?

- Espanha… A morada é Cerleg…

- Como?... Não percebi.

- É um C de Cu… Desculpe, desculpe, de cão… C de cão quero dizer….

TEMPERO...

FÁTIMA - 25-01-2019,  20.30

- Ora bem, vamos já a este restaurante que parece fixe...

Entrámos, e a funcionária veio ter connosco sorridente...

- É para jantar, perguntou.

- Sim, uma mesa para três...

- Vocês desculpem, mas se querem jantar, se calhar é melhor ir ao restaurante ali em frente... Tem mais por onde escolher.