RIQUINHO
Que país tão rico éramos, quando na agricultura, nas pescas e na industria trabalhavam os nossos pais.
Mas eram outros os tempos. Tempos de desgraças e desgraçados, de esfomeados e patrões degradados, matavam a ilusão, obrigavam a trabalhar por uma côdea de pão, batiam com o que tinham à mão…
Deram-nos totobolas, totolotos e euromilhões, para nos desenvolvermos, e nós gastámos, gozando com quem não aproveitava, com quem na abundância não mamava.
E construímos hipers, abrimos cafés, prontos-a-vestir e perfumarias, compramos Mercedes, motos de água e casas na praia, edificámos estradas e oh meu Deus, auto-estradas, estádios de futebol, centros interpretativos das geiras, casas da cultura, incubadoras de empresas, empresas na hora que duravam horas…
E agora vivemos na ilusão da riqueza que a agricultura, as pescas e a indústria em que trabalharam os desgraçados dos nossos pais, nos irá dar.
Catemo-nos…