Que país tão rico éramos, quando na agricultura, nas pescas e na industria trabalhavam os nossos pais.
Mas eram outros os tempos. Tempos de desgraças e desgraçados, de esfomeados e patrões degradados, matavam a ilusão, obrigavam a trabalhar por uma côdea de pão, batiam com o que tinham à mão…
Deram-nos totobolas, totolotos e euromilhões, para nos desenvolvermos, e nós gastámos, gozando com quem não aproveitava, com quem na abundância não mamava.
E construímos hipers, abrimos cafés, prontos-a-vestir e perfumarias, compramos Mercedes, motos de água e casas na praia, edificámos estradas e oh meu Deus, auto-estradas, estádios de futebol, centros interpretativos das geiras, casas da cultura, incubadoras de empresas, empresas na hora que duravam horas…
E agora vivemos na ilusão da riqueza que a agricultura, as pescas e a indústria em que trabalharam os desgraçados dos nossos pais, nos irá dar.
Oferta do Conde Drácula a sua mãe, para limpar a masmorra, onde a aprisionou, feita com partes do corpo de seu irmão, também prisioneiro, retiradas sem anestesia, e que não tendo morrido no processo, ficou com uma saúde periclitante, vendo-se impedido de assoar o nariz e de tirar prazer do seu próprio corpo para o resto da existência…
Estando na família desde o séc. XIX, quando um nosso antepassado a roubou de um museu em Praga, com o propósito de fazer uma sopa de carne e chupar o osso, não tendo concretizado a ideia por ter morrido atropelado por uma carroça na chegada ao país, foi agora a concurso de vassouras do “halloween”, na escola do meu filho.