ARRAIAL
A música entoava repetitiva. Começaram bem com o samba de uma nota só, que o publico aplaudiu, mas continuaram no mesmo tom monocórdico, a viola soando sempre igual… e estava frio. Para sair à noite é sempre preciso um casaco pelas costas.
Ao fim de semana a junta organiza uns concertos no jardim, e se a primeira noite, com fados foi um sucesso surpreendente, que vai ter repetição, o segundo fim-de-semana com o rancho folclórico da terra, também foi animado.
Hoje apresentaram um duo brasileiro de Bossa-Nova, que não convenceu o publico, e lentamente começaram a ir embora.
Quando o vocalista anunciou um intervalo de cinco minutos na actuação, “pára récarregar as batérias”, o presidente da junta saiu de trás do balcão de comes e bebes, pegou no microfone e anunciou, que por acaso um grupo de concertinas passava pelo local e que iria animar o pequeno intervalo, “por isso fiquem e animem-se…”
E animaram-se. Vinte minutos passaram num instante. Sempre que terminavam uma cantiga, de trás do balcão, o presidente levantava o indicador e abanava a cabeça autorizando mais uma. “Isto é que é música” dizia agarrado à máquina de finos servindo copo atrás de copo ao animado pessoal…
Encostados à carrinha o duo brasileiro desanimava; “trocaram os clássicos por lixo…”