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do pipo ó copo

Ponte de Prado

do pipo ó copo

Ponte de Prado

VINTE...

- Desculpe, eu…
- Sim, diga.
- Eu fui aqui às urgências; bati com a cara numa mesa e parti dois dentes – disse enquanto tapava a boca com um lenço. Eu peço imensa desculpa, eu não queria incomodar…
- Não se preocupe, diga… esteja à vontade.
- Eu trabalho na Universidade do Minho, no departamento de Matemática… Ai estou tão envergonhada, nem sei como falar nisto…
- Diga, esteja à vontade…
- Eu sou de Fafe, mas com a confusão não sei onde meti a carteira, nem o Multibanco, e não tenho dinheiro para meter gasolina… são trinta quilómetros e eu sei lá 5 euros devem chegar… não sei…
- Sim se o carro gastar 7 ou 8 aos cem, devem chegar…
- O meu carro é um Audi A3… deve ser isso não?... eu não percebo nada…
- Pronto para evitar ficar a meio do caminho, empresto-lhe 20 euros, assim vai mais descansada…
- Obrigada, eu estou tão envergonhada… ligue-me para o telemóvel é o 918681132, amanhã, e combinámos para eu lhe devolver o dinheiro…
- Está bem, já gravei… Esteja descansada… Amanhã falo consigo então.
- Estou tão envergonhada…
 
No dia seguinte liguei… ninguém atendeu.

TODO O MUNDO...

Sentir toda a vida num segundo
Uma fracção do tempo apenas
Mas nesse rápido remoinho
Ter tudo, o que dos anos se espera
Passar do calor ao frio
Passar do ventre ao rígido
Deixar o berço pelo velório
Passar de pequenino a ossos
 
Mas nesse rápido passar
Amar alguém
Sentir também
Chorar alegre
Rir do triste
Sofrer do bem
Passar alem
E um segundo marca o mundo

TEMPO

Vendo tempo passado
Em suaves prestações
Com garantia e atestado
De grandes preocupações
 
Bom tempo, também trato
Se for vontade da menina
Só não ponho no contrato
Se não gostar, declina
 
Mau tempo, tenho aos molhos
Mas não consegue vender-se
Até entra pelos olhos
Tanto tempo a perder-se
 
Tempos de felicidade
Tentei comprar, por ambição…
Mas o gajo da cidade
Disse-me: não há à venda, não…

A MINHA BICICLETA COR DE ROSA

A cor é da cor cor-de-rosa, a minha prefeída.
E diz Barbie
Sabias que diz Barbie, Padrinho
E tem um travão atrás e outro à frente
E um travão de descanso…
E vai levar-me nos sonhos,
Por florestas encantadas
Por caminhos de ilusão
Fugindo da policia, atrás de ladrões
Ao encontro de amores, ternos, breves, definitivos
De amigos e das férias de verão
À adolescência
A pedalar sem mãos para lá do horizonte
Vai ser testemunha de sorrisos
Lágrimas e desesperos
Vai ser companheira de vida…
 
E eu vou andar na minha bicicleta
Na minha bicla cor-de-rosa…